sexta-feira, 14 de junho de 2013

ÚLTIMO BALANÇO: "COMO TRANSFORMAR OS PROFESSORES DO BRASIL NUM MONTE DE BOSTA" [A experiência tenebrosa de um professor do Ensino Básico]






Santos/SP, 08 de fevereiro de 2013.



RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA FRUSTRADA DE UM PROFESSOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, CATEGORIA “O”


Prof. Paulo Sergio Teixeira



Em artigo anteriormente postado (2009) relatei a maratona de quando tive que entregar meu apartamento alugado para ir morar com minha mãe, aposentada e viúva, por não ter condições de trabalhar como professor categoria “O”. Pois é... Atualmente estou já com 40 anos de idade e minha mãe, que segurava a situação, terminou por falecer em 3 de setembro de 2012.

Vou colocar agora aqui, da maneira mais coerente possível, sistematicamente, o desenrolar desse processo que parece não ter fim, condenando este governo do Estado de São Paulo e seus técnicos burocratas da Secretaria da Educação que, na maioria dos casos, não apoiam profissionais da educação que se propõem realizar trabalho sério, comprometido. Antes, um enorme teatro de vampiros...



01 – PRELIMINARES:

a) Não fiz a provinha dos ACT’s de 2011 justamente por meu computador estar em conserto, o que me impossibilitou acompanhar o trâmite e acabei por perder a data de chamamento, portanto, não poderia lecionar em 2012.

b) Em abril de 2012, com a falta absurda de professores, o Estado acabou por cadastrar professores em “caráter emergencial” e sem provinha nenhuma.

c) Após exame médico que mais uma vez eu tive que pagar a fim de ganhar o tempo que sempre nos falta, fui cadastrado em maio de 2012 na E. E. D. Luiza Macuco (Ponta da Praia, Santos/SP), para lecionar em 3 classes do EM, período noturno.



02 – “A ÚLTIMA BOLACHA DO PACOTE”:

a) A escola, muito tradicional aqui na cidade; limpa, organizada, com ar condicionado e câmeras por todas as classes, tinha tudo para proporcionar aos estudantes um aprendizado de 1ª linha (se todos os envolvidos assim o quisessem).

b) Com uma clientela de classe média-alta, era de surpreender o quanto cerca de 90% dos alunos permaneciam conectados com o mundo no decorrer das aulas. Em seus aparelhos, durante as aulas, ouviam música, futebol (à época, três campeonatos), internet, telefonemas e alguns, até assistiam novela. Era o retrato da geração da informação sim, mas pelo que eu entendo, de informações inúteis ao processo escolar.

c) Com mídias por mim preparadas, com o que suponho ser o mais interessante nos primeiros passos das Ciências Humanas, tentei concorrer com os celulares, i-pods, i-peds etc. Em algumas situações, conseguia sair-me bem, mas na maioria das vezes, concorria também com a falta de educação de alguns alunos (que já não cabe mais a um professor ensinar, mas que deveria vir do lar, como uma marca, um cartão de apresentação da família...), mas também – pasmem!... – de alguns funcionários que, pela sua má vontade, não cumprem a função auxiliadora no processo educativo, mas atrasam o processo... O vereador Banha, tantas vezes reeleito aqui da cidade, que me desculpe, mas aquela coordenadora Vanessa, que não sei se é amiga ou sua parente, mais parecia um sargento que não estava disposta a somar esforços, mas em atrapalhar o meu trabalho. Vaidade ou outra coisa? Não sei...


• Eu: “Posso usar o data-show na classe?”

• Ela: “Claro... Quando quiser, professor. É até bom, porque quase ninguém usa estes aparelhos no noturno...”.

• 1ª VEZ – “O painel do equipamento estava quebrado (os dois painéis), mas com a ajuda dos alunos, conseguimos montar após metade de uma aula”. A aula foi produtiva, os alunos aprovaram, queriam mais...

• 2ª VEZ – Na semana seguinte, fomos buscar o equipamento: “Professor? O Sr. marcou o uso do data-show no mural da sala dos professores?” – Eu: “Não! Na correria acabei esquecendo... Mas deixa eu montar, porque não tem ninguém para usar hoje.” – Ela: “Não! Pode guardar tudo... Ordens são ordens, senão vira bagunça”.

• 3ª VEZ – desta vez, tudo dentro dos padrões exigidos. Muito tempo para montar o equipamento... Mas qual o problema agora? “As tomadas da classe, todas, subitamente, estavam desligadas. Ao recorrer a uma grande extensão externa, nos surpreendemos também com seu desaparecimento repentino; coisa que só poderia ser resolvido com a Sra. da limpeza, que já tinha ido embora, e que era a única que possuía a chave do ‘quartinho’”. Fim de aula com sabor de frustração.

• Teve um dia também, que eu, tentando neutralizar os efeitos formais da sala de aula, pensei em experimentar uma aula alternativa. Fui pedir à sargenta Vanessa, quer dizer, à coordenadora Vanessa, que eu pudesse, naquele dia, fazer uma reunião com os estudantes no pátio. Ela foi incisiva, lá de sua sala à frente dos monitores televisíveis que olhavam como o Big Brother todo o nosso trabalho: “NÃO!”. Olha, eu confesso que não sei direito para que time essa cidadã torce, mas tenho certeza que ela não é conrinthiana...



03 – Nesta 3ª parte, vou transcrever o dossiê de um ocorrido que fiz à época para defender-me, visto que não tive apoio nenhum, mas sim, acusações do tipo “postura antipedagógica” e outras dessas coisas horrorosas ditas por burocratas de plantão que sabem muito bem o que querem e dispõem de fórmulas prontas para todo tipo de enrolação. Inclusive, sabemos todos nós, professores do baixo clero na educação, que estamos plenamente sujeitos a este tipo de vexame, de desconsideração, de nervos à flor da pele, de insegurança e de naufrágio solitário...


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Santos, 15 de junho de 2012.



RELATÓRIO DE OCORRÊNCIAS DAS AULAS DE HISTÓRIA MINISTRADAS AO 2º ANO “E” DO E.M. NO PERÍODO DE 03/05 A 14/06/2012


E.E. D. LUIZA MACUCO – PONTA DA PRAIA, SANTOS/SP


03/05 – Nesse dia iniciei oficialmente minhas atividades como professor temporário, categoria “O”, na U.E. D. Luiza Macuco, escola da Rede Estadual de Ensino.

• A primeira turma escolar com a qual iniciei as aulas, foi o 1º ano “E” do E.M. e nos demos bem.

• Após o intervalo e uma aula vaga, dirigi-me ao 2º ano “E”, onde foram atribuídas as duas últimas aulas das quintas-feiras.

• Logo neste primeiro contato com a classe senti-me bastante frustrado com a pouca receptividade ou aversão por grande parte dos estudantes dessa classe.

• Elenco a seguir, pelo pouco que lembro, o que senti ao tentar manter a ordem na classe a fim de poder organizar nossos estudos e professar os conteúdos próprios deste nível escolar:

1. Aproximadamente metade da classe conversava simultaneamente enquanto eu tentava obter a atenção e um mínimo de silêncio;

2. Alguns alunos e alunas, ao passo que eu tentava controlar a situação, ouviam música em seus aparelhos celulares ou, simplesmente, os operavam sempre que bem entendiam (inclusive, é muito comum que os estudantes assistam as aulas com estes aparelhos em mãos, alguns, com fone no ouvido);

3. Muitos desses estudantes caçoavam – também simultaneamente entre eles – a cada argumento que eu tentava expor, o que, inevitavelmente, torna o diálogo impossível. É certo que isso ameaça a saúde do profissional de educação e torna nosso trabalho insalubre;

4. Outro problema identificado no 1º dia de aula nessa classe foi a influência da aluna “X” sobre os demais. Influência que percebi ser por demais negativa, incitando os outros colegas a agirem da mesma forma debochada que ela. Mas deve ficar claro que ela não é a única, embora se torne difícil identificar outros mais ousados como ela em meio a uma turma que parece ser bem organizada para promover uma anarquia.



10/05 – Na 2ª aula, no 1º ano “E”, tudo ocorreu bem e nós (professor e estudantes) fomos organizando os estudos.

• Seguiu-se o intervalo e a aula vaga de 5ª feira. Em seguida, fui lecionar para o 2º “E”.

• Conversei com a classe e comuniquei que “faria um esforço para tentar de novo e que contava com a colaboração de todos”.

Naquele momento, percebi algum esforço da classe em manter alguma ordem.

Organizei as ideias e apliquei a aula como programada. A aula transcorreu sem maiores problemas, inclusive com a total concentração e empenho da aluna “X”.

• No entanto, quando faltavam mais ou menos 20 minutos para o término da aula, a aluna “X” “achou que a aula já tinha terminado”, e isso, quando eu ainda estava embalado na explicação.

A jovem fechou e guardou o caderno na mochila, tirou a camiseta da escola, passou seu baton e começou a intervir sarcasticamente e debochadamente em minhas explicações. Seguiu-se a desordem coletiva e pronto: a aula chegara ao fim.

• Comecei a fazer esforços para contornar a situação e, em meio à bagunça generalizada, passei a tentar, inutilmente e já exaltado, argumentar com a aluna.

Ela pôs-se a me enfrentar com o apoio de muitos colegas que riam, até que a mesma aluna soltou a frase “...eu sou foda!”, como quem diz “eu faço o que eu quero, eu mando e todo mundo tem que me respeitar”. Foi o estopim.

• Já exaltado, lhe disse: “Isso que você falou que é... você vá falar para sua mãe... eu não sou obrigado a escutar esse tipo de coisa aqui”.

Desconcertada e contrariada, saiu da classe aos resmungos e batendo o pé. Os outros todos foram se levantando e saindo. Alguns se despediram.



17/05 – A mesma confusão desordenada em sala de aula: eu tentando manter a ordem, procurando a atenção e a concentração dos alunos e eles, quase todos, retrucando, debochando, tumultuando. Tenho que reforçar: essa situação é imensamente propícia a descontroles que impossibilitam qualquer forma de diálogo. Ora, quando se tenta ensinar a um grupo onde a maioria não tem um mínimo de interesse pelo estudo, e ainda, um grupo determinado a ditar as regras, não há muito a se fazer.

• Entrei em atrito com alguns alunos, inclusive com a aluna "X" e, por isso, fiz um relatório como me aconselhou a coordenadora Vanessa. Entreguei ao inspetor antes de ir embora.



24/05 – Nesta aula, ao contrário das anteriores, vieram bem poucos alunos.

• Como na aula do 1º ano apliquei uma sessão de data-show para projetar uma aula em Power Point, resolvi fazer o mesmo na aula do 2º ano também.

• Contudo, tive problemas para instalar o equipamento naquela classe, já que os dois painéis estavam com problemas, as tomadas desligadas e não conseguimos encontrar a extensão externa. Foi frustrante para todos nós, pois utilizamos 70 minutos tentando montar e ligar tudo e não conseguimos.

• Ao final, com os 30 minutos de aula que restavam, conversamos calmamente e tudo levava a crer que tínhamos, por fim, nos entendido.



30/05 – Neste dia, antes das aulas da 4ª feira, realiza-se a reunião de HTPC dos professores, que são duas aulas e das quais só cumpro uma.

Além dos professores de todos os períodos, estavam presentes a diretora Beth e as duas coordenadoras pedagógicas.

Na reunião, entre outras coisas, foram colocadas algumas regras que os professores deveriam cumprir, entre elas:

1. Que não deixássemos mais alunos saírem de sala de aula para ir ao banheiro ou beber água, pois para isso, teria o intervalo;

2. Que não liberássemos, em hipótese alguma, os alunos para irem embora antes de tocar o último sinal às 23h50.



31/05 – Este foi um dia de “aula” especialmente difícil.

Após o intervalo e a aula vaga desta quinta-feira, quando eu ia adentrando a classe, a aluna “X” foi saindo pela minha frente em direção ao pátio. Chamei-a pelo nome e pedi que entrasse. Ela disse irredutível, que estava indo tomar remédio. Insisti por uns 3 minutos que ela entrasse primeiro na classe para conversarmos. Muito a contragosto e eu quase que “implorando”, ela entrou. Eu lhe expliquei que tínhamos ordem de não deixar aluno sair para o pátio. Ela insistiu que era para tomar remédio.

Chamei o inspetor Ney e pedi para que ele a conduzisse ao bebedouro.

• Depois disso, no meio do horário da aula, a classe como um todo se tornou insuportável, pois chegou um momento em que se organizaram para manter uma completa desordem nos mesmos termos relatados no 1º dia de aula nessa classe.

• Porém havia uma diferença. Naquele dia em especial, sentia-me mais fraco, pois, além de estar me recuperando de uma gripe forte, também tive envolvido com outros problemas de ordem familiar e profissional.

• Neste dia, confesso que fiquei bastante abalado e saí da classe por umas duas vezes devido à ditadura dos jovens e a uma certa perversidade por parte de alguns deles.

• É interessante observar: ao sair da escola, enquanto aguardava o meu coletivo no ponto, do outro lado da avenida próxima ao Rebouças, também num ponto de ônibus, alguns garotos caçoavam. Um deles chegou a dizer “...aqui quem manda é a gente...”.



06/06 – Neste dia (4ª feira), fui chamado à sala da direção a fim de tomar conhecimento de um relatório da aluna “X” acerca de seu ponto de vista em relação ao meu trabalho.

• Tomando conhecimento da carta da aluna, a diretora Beth orientou-me da seguinte forma: “Que eu respondesse em 5 dias à carta da aluna”, o que não fiz por não possuir condições de cumprir tal exigência dentro desse prazo.

• Em resposta a toda essa situação e mais um caso ocorrido em 14/06 (que está relatado no final), elaborei este relatório dentro das minhas possibilidades reais.



07/06 – 5ª feira (feriado corpus christ)



14/06 – Como realizado na última 4ª feira (13/06), no 2º “D”, onde orientei a classe para a entrega de todas as atividades do 2º bimestre somente em 20/06, visto que a partir dessa data terei apenas uma semana para corrigir os trabalhos, calcular as notas e fechar todas as cadernetas de classe, tentei fazer isso hoje também no 2º “E” (a classe de 5ª feira).

Também foi necessário passar um texto na lousa para que a classe realizasse os trabalhos de maneira satisfatória. O mesmo seria tentado nesta 5ª feira, no 2º “E”. Se não desse tempo para passar o texto todo, já tinha preparado dois textos reservas para que a classe pudesse, por conta própria, tirar cópias.

• Transcrevi duas lousas de texto e tudo corria bem. A maioria dos alunos copiava e eu os deixei à vontade.

• Neste dia teve ensaio da quadrilha junina e cerca de 4 alunos saíram da classe para ensaiar, inclusive a aluna “X”.

• Ao final do texto, quando faltavam uns 10 minutos para o término da aula, estava acabando a 2ª lousa e passei para o início do quadro, tendo que apagar quatro linhas do que já havia escrito a fim de poder continuar.

• Neste momento, a aluna “Y” pediu que eu não apagasse as quatro linhas iniciais porque ela estava copiando justo aquele trecho. Respondi que ela desse um espaço e continuasse mais embaixo. Ela pediu “por favor”, eu disse que não havia como.

• A aluna, pelo que eu senti (porque eu estava de costas), ficou meio revoltada dizendo que não ia fazer mais. Também comentou algo como “eu não vejo a hora de sair dessa merda”, ou coisa assim.

• Fui calmamente a ela e falei o seguinte: “Olha, eu vou falar bem calmo o que eu já falei para a “X” outro dia: isso aí que você falou, fale para sua mãe. Eu não sou obrigado a ouvir este tipo de coisa em sala de aula”.

• A aluna "Y", meio chorosa, disse que eu não ousasse falar no nome de sua mãe. Eu respondi a ela que eu não disse nada demais, e que falar o nome da mãe, não era palavrão, não era ofensa. Não o que eu disse, mas a forma como eu falei, na minha opinião, não era motivo e a reação da aluna foi exagerada.

• A aluna “Y” saiu da classe chorando e eu pedi ao inspetor que chamasse a coordenadora, mas ela não estava.

• Fomos em seguida saindo da classe, pois o sinal tocou logo em seguida.



• Quando eu já ia saindo para ir embora pela frente da escola, alguém me chamou lá do pátio.

• Havia uma antiga professora da escola, o professor de Português e o inspetor. Eles começaram a me alertar de que havia umas pessoas no portão da saída que, por causa de uma aluna ofendida, queriam falar comigo.

• Alertavam-me de certo perigo ou ameaça e eu quis, imediatamente, saber quem era, mas o portão do pátio já estava fechado.

• Voltei para trás e ia me dirigindo para a porta de entrada, na frente da escola. Foi quando a professora antiga me aconselhou que “saísse pelo portão dos fundos, que a senhora da limpeza usava”.

• Senti-me indignado e, de certa forma, intimidado. Então reagi resolvendo ir ter com quem quer que estivesse tentando me intimidar.

Um senhor e um rapaz apareceram acompanhados das alunas “Y” e “X”.

Eu pedia constantemente que abrissem o portão para conversar com os dois, dizendo ser um o tio e o outro, primo da moça.



• Quando o mais velho veio chegando com os outros, ele queria saber “que professor que está gritando com a menina? Eu quero falar com ele...”.

• Ao mesmo tempo que ele falou, eu perguntei quem estava tentando me intimidar.

• O mais jovem pôs-se a defendê-la e eu expliquei o ocorrido. Quando informei o que eu disse e que fez a aluna “Y” “chorar”, ela disse que eu não fui calmo, mas que eu gritei “apontando o dedo em seu nariz e que era só perguntar para a classe que todo mundo era testemunha”.

• Começamos a bater boca e o Prof. de Português me afastou da porta principal.

• Chegou a viatura da ronda e, já do lado de fora, ficou acertado que todos comparecessem na manhã de 6ª feira (15/06) para conversar com a diretora Beth.



 Registro aqui minha impossibilidade de comparecer à Direção da escola no período da manhã, como foi marcado. Tentarei estar no período da tarde de hoje para conversar com a Direção. [POIS PASSEI A MADRUGADA ELABORANDO ESTE RELATÓRIO]



Santos, 15/06/2012

Prof. Paulo Sergio Teixeira



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04 – AS MORTES:

• Ao final do recesso de meio de ano, consegui mais 12 aulas no período da manhã, só que numa escola da Zona Noroeste de Santos (EE. Benevenuto Madureira).

• Concomitantemente a isso, na minha escola sede trocaram meu horário a pedido de uma professora lá por motivos pessoais, e eu concedi. Só que isso acabou por me prejudicar na pontualidade do horário na 2ª escola. Acabei mesmo por ter alguns atrasos.

• Em agosto, com a secretária da escola da Zona Noroeste de férias, e eu sem saber por nunca ter lecionado em duas escolas do Estado ao mesmo tempo, não fui informado que para meu salário ser lançado a tempo “seria preciso apresentar um B.O.” desta escola na minha sede. Fiquei sem salário desta 2ª escola em setembro de 2012.

• O segundo mês, por incrível que pareça, a mesma coisa aconteceu, pois desta vez não fui avisado que deveria entregar um termo de trabalho na minha sede. Acreditem: “Fiquei sem salário da 2ª escola em novembro também”.

• Para piorar o quadro, minha mãe falecera após 3 meses de uma quimioterapia num câncer de mama, pelo SUS, aos 71 anos (03/09/2012).

• Averiguei que nestes casos, normalmente, o servidor teria 8 dias de licença nojo, a não ser para nós, categoria “O”, que por decreto, tem apenas dois dias de licença nojo. Quer dizer: minha mãe morre hoje, eu enterro ela amanhã e no 3º dia, “sala de aula na cabeça”. Até nestes casos essa p. dessa categoria é menos do que outros seres humanos. Será que os entes queridos dos efetivos são diferentes dos de categoria “Ó”?

• Eu necessitava de mais alguns dias, e juro que longe de querer burlar os justos decretos de nossos representantes políticos, relatei o ocorrido à minha médica e ela entendeu que, não tendo condições de trabalhar naqueles dias, concedeu-me 2 dias de licença (o 3º dia constante do atestado, era feriado de corpus christi – 6ª feira).

• Na semana seguinte, a direção da minha sede atribuíra-me ainda mais algumas aulas no período vespertino. Logo no início da semana, cheguei ainda a dar duas aulas num 7º ano, mas, no dia seguinte, o golpe de misericórdia: “Professor, você extrapolou no número de faltas e seu contrato será rescindido. Nós tentamos fazer tudo que podíamos, mas você teve muitas faltas, muitos atrasos... Não conseguimos ajudar. Você perdeu todas as aulas”.

• Fui então comunicado pela gerente da escola (que não sei porque não é mais “secretária”), que eu aguardasse até que ela entrasse em contato para ir assinar a rescisão.

• Aguardei por cerca de uma semana até que em 14/09/2012, fui comunicado que comparecesse à tarde na sede para assinar a rescisão.

• Resolvi, antes disso, ir à Diretoria de Ensino de Santos pedir uma recontagem de faltas.

• Após inúmeras idas e vindas de ônibus, negativas burocráticas, dezenas de telefonemas, poucos dias antes do Natal, soube pela Profª Helen, do RH da D.E. de Santos, que meu pedido fora deferido e que teria meu contrato continuado como se nada houvesse ocorrido, exceto pelo fato de eu ter perdido três meses de salário e outros benefícios, não porque eu me recusara a trabalhar, mas, simplesmente, porque me proibiram de lecionar por um direito garantido, talvez por incompetência, talvez por má fé, vaidade... Vale lembrar que desde aquele momento, a Profª Helen havia me comunicado que só faltava lançar o deferimento no Diário Oficial, coisa que até hoje (08/02/2013) não ocorreu.



05 – “ILHA DAS FLORES”

E sabe o porquê de tudo isso?

Antes de iniciarmos o 4º bimestre, foi-nos colocado em reunião extraordinária (visto que a diretora da sede estava de férias, mas resolveu estar presente), que a escola D. Luiza Macuco permanecia com um bom corte de média no ENEM entre as escolas da região, mas que a escola precisava mais. Tinha muita coisa para ser feita: ventiladores, ar-condicionado, mais câmeras... o que para um bom entendedor, significaria melhora nas notas e, portanto, mais monta de verba destinada. Claro que isso não foi explícito, mas nem é preciso estudar anos e ser um professor que se preze para compreender a tônica da conversa.

O afastamento foi proposital, orquestrado, porque eu não manifesto submissão, então, no cotidiano de uma equipe que não quer problemas com notas e professores de história, o remédio é cortar, eliminar problemas.

Outra questão importante que julgo digno de nota, é o seguinte:

• Ao término do 3º bimestre, quando fui conferir as notas do sistema por mim já lançadas, percebi alterações nas notas de certos alunos, e “sempre para mais”. Não fui comunicado dessas alterações. Infelizmente, não pude imprimir as alterações porque, misteriosamente, o botão virtual “imprimir” não estava ativo, nunca.

• Fiz as alterações segundo meu parecer novamente e liguei em seguida para a escola pedindo para avisar a coordenação que não alterassem mais as notas, pois caso isso ocorresse, eu faria uma denúncia na D.E.

• Ao comunicar as notas finais do 3º bimestre segundo meu critério de avaliação (50% do Provão interno da escola + 30% dos trabalhos de pesquisa + 20% das apostilas preenchidas em classe), alguns estudantes reclamaram bastante e não se conformaram. Alguns pediram para ir falar com a coordenadora Vanessa e logo vieram todos à classe com a coordenadora. Ela discutiu comigo afirmando que o critério da escola não era aquele; que a nota do provão tinha que valer 100%; que a escola não trabalhava com pesos (inclusive afirmando com muita propriedade: “e olha que eu sou professora de Matemática...”). Virou as costas e saiu caminhando dizendo que iria alterar as notas que estivessem erradas. Eu insisti para que não fizesse isso, e ela, prepotente, continuou caminhando dizendo que ia fazê-lo.



06 – OS FINALMENTES:

• Este ano passei raspando na provinha dos ACT’s, mas passei. Escolhi a Escola Júlio Conceição, em Cubatão e já estou lecionando desde 06/02/2013.

• Em 07/02/2013, liguei mais uma vez para saber da minha situação contratual junto à Profª Helen, da D.E. de Santos. Ela disse que eu teria que finalizar o antigo contrato e reiniciar outro, garantindo, inclusive, que eu não teria direito a receber mais nada do que já fora pago. Agradeci e desejei toda sorte do mundo a eles todos.

• Ao chegar ainda hoje (07/02/2013) na EE. Júlio Conceição, fui comunicado pela Vice-diretora Jucy que eu deveria contatar a antiga sede (EE. D. Luiza Macuco) e pedir o cancelamento daquele contrato, caso contrário, correria o risco de não receber também o mês de fevereiro/2013, pois não daria tempo de lançar na folha de pagamento.

• Ainda no mesmo dia, após umas 2 ou 3 horas (07/02/2013), antes de ir embora, após as aulas, a mesma vice-diretora Jucy informou-me oralmente que não precisava fazer mais nada, que tudo já havia sido resolvido e que estava certo; que eu não precisava comparecer à antiga sede e que não seria necessário assinar nenhum termo de rescisão.

• Agora o problema da vez foi o surpreendente sumiço das minhas fichas 100, todas, o que pode ser traduzido como “ele nunca trabalhou nas escolas do Estado de São Paulo”, pois as tais fichas 100, nada mais são que o histórico de contagem de tempo de serviço.


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[Abril de 2013]

• Neste mês de abril, referente ao mês trabalhado de fevereiro do corrente, recebi meus honorários com quase R$ 100,00 de desconto, com siglas que a advogada da Apeoesp orientou-me a procurar a Secretaria da Fazenda para descobrir o que significam, mas até que não demorou tanto para conseguir entender o que eram afinal.


[Junho de 2013]

• Desde minha dispensa, não recebi quase nada por uns 5 meses. Com a ajuda sombria de bancos de varejo que são chupins de todos nós e todos nós sabemos quem são, adquiri uma dívida nestes meses todos de mais de R$ 12 mil reais, certo? Depois, no ápice do desespero, praticando exercícios de autodisciplina respiratória e espiritual, muito café e muito tabaco (pra não pirar de vez), consegui ajustar um pouco dessa dívida com a ajuda de empréstimos informais, fraternais, de amigos professores da antiga que têm me acompanhado por mais de dez anos, se sensibilizando e resolvendo ajudar até que eu tenha condições de acertar as dívidas e voltar a dormir sem ter que usar o milagroso clonazepan.

• Então, estamos aí... Eu, professor categoria “O”, drogado e prostituído, professor temporário do rico Estado de São Paulo, diretamente da linda cidade do maior porto da América do Sul; ainda hoje, em junho de 2013, estou sofrendo descontos de 100 a 150 reais/mês na folha de pagamento e que nem sei do que se tratam. Mas como minha imaginação é fértil (e reconhecendo que esta vale mais que o próprio conhecimento), penso que talvez seja, por acaso, descontos referentes aos dias que fui informalmente proibido de lecionar, mas que alguém deve ter tido a ideia de descontar como se fossem faltas propositais ao serviço porque eu tenha resolvido passar aqueles dias ensolarados, após a morte da minha mãe, tomando caipirinha nas paradisíacas praias de Santos e seus jardins suspensos da Babilônia.

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NOTA IMPORTANTE DE ESCLARECIMENTO – Aos citados neste dossiê, que se virem no direito de querer me processar, saibam que não terei dinheiro para pagar nada nem ninguém, caso ganhem suas infundadas reivindicações na justiça. Antes, briguem para que me prendam de uma vez, porque pelo menos vou ter comida e cama pra dormir, algo que o trabalho comprometido, honesto e perseverante de um professor da minha geração, nem de longe consegue garantir.



Santos/SP, 13 de junho de 2013.

Prof. Paulo Sergio Teixeira






Por mais que possa parecer, isso não é só bagunça...  Não!!
Trata-se de um mega-aparato dos reacionários de vanguarda.




quarta-feira, 12 de junho de 2013

FRUTOS DA ÚLTIMA GREVE: CATEGORIA "O" - LIXO OU PERSEGUIDO POLÍTICO???

PELO AMOR DE DEUS!!  TODO MUNDO SABE QUE GREVE É DIREITO DO TRABALHADOR, QUE É DIREITO CONSTITUCIONAL E INALIENÁVEL...
 
ENTÃO O GOVERNADOR, A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E TODA A CASCATA DE TÉCNICOS BUROCRÁTICOS E MALAS, VÃO FAZENDO O QUE QUEREM E O QUE "NÃO QUEREM OU ODEIAM TER QUE FAZER", E AÍ...
 
DANCEI!!  DE NOVO... - COM UMA DÍVIDA DE MAIS DE 12 MIL NO B.B., MAIS 2000 NO SANTANDER, FORA OS COLEGAS QUE AINDA SENTEM PENA DESTE CORUJA QUE AINDA TENTA PIAR; SEM MÃE, PQ ELA MORREU POUCO ANTES DE ME DISPENSAREM INDEVIDAMENTE DE UMA ESCOLA DO ESTADO EM 2012, PROCESSO QUE ESTÁ ROLANDO ATÉ HOJE, SEM PREVISÃO DE RESULTADO...  ALIÁS, QUE SE TUDO DER CERTO, TALVEZ EU RECEBA NAS PRÓXIMAS OLIMPÍADAS...
 
COM MENOS MINHA AVÓ, DE 96 ANOS, SIM!!  MORREU TAMBÉM, ELA AJUDAVA A SEGURAR AS PONTAS...  MEUS IRMÃOS FORAM TODOS PARA CADA LADO E EU, QUE OPTEI SER SOLTEIRO, ACABEI CONSEGUINDO UMA BIBLIOTECA PARA MORAR ATÉ QUE EU CONSIGA ME LEVANTAR...  ESTOU ME SENTINDO O PRÓPRIO VISCONDE DE SABUGOSA, OU ENTÃO ''UM PERSEGUIDO POLÍTICO'' - SERÁ QUE ESTAMOS VOLTANDO AOS ANOS 1970? -, E QUEREM SABER???  "GRAÇAS A DEUS QUE AINDA TEM GENTE DE CORAÇÃO QUE SENTE COM A GENTE O DESESPERO E SE COMPADECE.  ESSE É O HUMANISMO QUE QUEREMOS ENSINAR NUM ESTADO PODRE DE CORROMPIDOS BUROCRÁTICOS E DE REPRESENTANTES INCOMPETENTES E CHEIOS DE MÁ VONTADE...  "CATEGORIA 'O' AINDA É O 'Ó' MESMO"
 
QUERIA SIM ENCONTRAR UMA PALAVRA HORROROSA, HORRIPILANTE, ESCANDALOSA MESMO, PARA DEFINIR A PORRA DA SACANAGEM QUE ESTÃO FAZENDO COM OS PROFESSORES DO ESTADO DE SÃO PAULO.  SERÁ QUE VOU TER QUE VENDER PASTEL???  VC's NÃO ACHAM ISSO UM DESPERDÍCIO???